
Pedi para Deyse, que acompanhou todo o final de semana de trabalho de nosso grupo com Alzeny e Karen, escrever um diário sobre o que viu. E segue o Diário de Bordo de Deyse Negreiros: “Recebi a proposta do meu amigo Dionízio para fazer o Diário de Bordo retratando o fim de semana da montagem do Sesc. Mesmo não tendo o dom da escrita, quis aproveitar a oportunidade que me foi dada, e tomei isso como algo de muita importância. Comecei a acompanhar o grupo no sábado à tarde. Foi feito um aquecimento corporal, que é tão contínuo e sincronizado, que mais parece uma dança. É muito bom ver atores concentrados e bem preparados. Alzeny Nelo, cantora lírica e professora de canto, trazida pelo Sesc para a preparação vocal, fez um aquecimento vocal, e através de vocalizes, conheceu o tom e o timbre de cada integrante. Além de música ela conhece bastante sobre o lado teatral. Na passagem das músicas do espetáculo, ela orientou cada intenção, trabalhando a forma psicológica de cada personagem. O aboio do inicio é um exemplo claro. Através de uma confusão sonora, onde cada um cantava em diferentes tons e tempos, até desafinados propositadamente, a cena foi tomando um aspecto surreal. Karen Ramos, trazida de Natal para fazer o figurino, teve menos tempo do que Alzeny e aproveitou para propor algo muito interessante: cada um criou (desenhou) e deu cores ao seu próprio figurino. Além de sanar a dificuldade da falta de tempo, ela ainda cria uma relação de criação coletiva, onde todos têm participação. E como ela mesma disse: “O ator tem que se sentir à vontade e acreditar no que está vestindo”. Os desenhos divergiam bastante, principalmente o figurino base, o nordestino. É importante a preocupação de Karen em ser bem fiel ao que pensa os atores em seus corpos. No domingo pela manhã deu-se continuidade a concepção do figurino, onde cada um expôs seu desenho e explicou a importância dos acessórios, os tipos de tecidos, e o calçado. É plausível a preocupação de todos na funcionalidade dos elementos, dando sugestões do que poderia ser usado, depois transformado e em seguida reutilizado. E assim foi criado o figurino, em conjunto: atores, diretor e figurinista, com a opinião de todos e pensando desde o conforto à beleza visual. À tarde, Alzeny trabalhou a parte musical: respiração e dicção. E numa passagem de texto e músicas, ela observou mudanças positivas. Na última passagem a capacidade de resposta às propostas que eram dadas eram muito rápidas.”